"Filho da mãe", Hugo Gonçalves

 


Banksy dissera "They say you die twice. One time when you stop breathing and a second time, a bit later on, when somebody says your name for the last time". Posto isto, "Filho da mãe" pode ser encarada como uma das imortalizações mais dignas da História.

Após cenários distópicos que criam sociedades nefastas, esta obra provou-se completamente diferente das outras publicadas pelo autor. Neste livro existe uma atmosfera aconchegante, embora inquietante, onde reina o amor maternal, constantemente cortado pela recordação da perda de Hugo Gonçalves: a sua mãe.

A narrativa, onde o homem de quarenta mostra a sua essência de menino, onde o colecionador de romances arrebatadores é também o órfão que esperava ansiosamente pelo retorno daquela que lhe deu vida e que procura a sua mãe em todos os quartos da casa, cabe ao leitor o peso de saber que Rosa Maria viverá apenas através de memórias.

Desde a infância marcada pelo segredo de ser órfão, o luto é uma constante viagem que acompanha o escritor, que o faz partilhar nesta obra a sua jornada através de locais que revivem partes da sua mãe, onde o cancro não se fazia presente e onde o filho mais novo ainda não conhece a dor da perda, a negação da ausência e a permanente alteração do seu futuro.

"Filho da mãe" é comovente, doloroso (embora reconfortante) e indubitavelmente único.

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