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A mostrar mensagens de 2023

"O céu está em toda a parte", Jandy Nelson

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  Sinceramente, o começo da leitura não me estava a agradar, mas à medida que avancei, percebi porquê. “O céu está em toda a parte” não foi só uma leitura que eu queria; foi sobretudo uma leitura da qual eu precisava. Em praticamente todas as páginas eu conseguia sentir a dor da Lennie como sendo um pouco minha. Jandy Nelson fez um trabalho brilhante ao conseguir captar tão bem os pensamentos do leitor nesta situação tão intensa que é o luto.

"Verity", Colleen Hoover

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  Se tivesse de descrever "Verity" em uma expressão, essa expressão seria "de cortar a respiração". Com todos os detalhes mórbidos do começo ao fim, que deixam o leitor completamente preso, o fim ainda é capaz de se destacar. Incapaz de deixar qualquer pessoa indiferente, "Verity" deixa qualquer leitor embasbacado com a sua crueldade frontal, a sua qualidade inegável e a sua trama genial.

"You've reached Sam", Dustin Thao

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  Talvez esteja a ficar amarga e rabugenta, mas não consegui gostar do livro. Achei a Julie uma protagonista sem grande personalidade, com ações bastante incompreensíveis e incoerentes quando comparadas umas com as outras; não gostei da escrita, achei-a demasiado repetitiva: o autor está sempre a separar a mesma ideia com pontos finais. Entristece-me perceber que havia aqui muito sumo para espremer da ideia do livro, mas que todo este potencial não foi trabalhado.

"O adeus às armas", Ernest Hemingway

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  Por vezes, acabamos por deixar cair em esquecimento acontecimentos históricos que definem alguns dos pilares da sociedade contemporânea. "O adeus às armas" tem isso bastante em mente, oferecendo uma degustação do desespero, da morte, da perda e das adversidades que esperamos ouvir quando falamos da I Guerra Mundial. Tentando não revelar demasiado acerca da obra de modo a não comprometer a experiência de futuros leitores, o elemento do romance presente no livro parece inicialmente inofensivo, acabando por revelar-se impactante. Do meu ponto de vista, a relação de Frederic Henry com Catherine possui toda uma subjetividade acerca da afeição humana em situações particulares, como o cenário de guerra; a forma como se aproximam e procuram aproveitar tudo juntos esperançosamente fazem com que o leitor, comovido, nutra também todas essas expectativas, tendo de ser amargamente relembrado da crueldade dos acontecimentos da época. Este clássico é emocionante e poderoso. Quero fornecer

"Deus Pátria Família", Hugo Gonçalves

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  Atribuir o termo "extraordinário" a este livro parece até um eufemismo, uma vez considerada a sua genialidade. "Deus Pátria Família" é uma distopia desconfortavelmente palpável. A partir do Estado Novo, tão comummente inserido no conhecimento geral, Hugo Gonçalves (a quem tenho de tirar o chapéu, com toda a certeza) entregou-nos uma reviravolta intrigante, recheada de personagens fictícios, porém humanos; desde os maiores canalhas ao qual designamos todo o nosso ódio até aos propulsores de empatia, os mártires e os inocentes, aos quais nós gostaríamos de abraçar e garantir que tudo ficaria bem, mesmo sabendo que estaríamos a contar uma mentira cruel. Aliado a um léxico requintado (mas simultaneamente acessível), o autor coloca a sociedade da época a nu, o que tem de ser louvado até à exaustão. A hipocrisia da população falsamente conservadora, odiosamente preconceituosa (excepto quando os bodes expiatórios vão de encontro aos próprios interesses) e a crueldade dos

"O coração dos homens", Hugo Gonçalves

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Entre as minhas leituras mais recentes, faltava-me um livro tão visceral como "O coração dos homens". Através de expressões que ilustram uma sociedade simultaneamente atual e primitiva, em que as mulheres são vítimas do escrutínio e retiradas do quotidiano para que possa prevalecer o que julgam ser a virilidade dos homens. Não considero esta leitura fácil para qualquer tipo de leitor, que foi precisamente o que despertou o meu interesse assim que passei os olhos pela sinopse. A obra tem o poder de revoltar o leitor, de mexer nas suas entranhas e fazer surgir cenários hediondos. É preciso estômago para se tornar um espectador de um testemunho de uma comunidade onde a violência é aplaudida e onde a maturidade emocional está completamente posta de parte, onde a intelectualidade é silenciada para se criar um ode à ignorância, onde se criam adultos inconsequentes e precipitados como pequenas crianças. "O coração dos homens" tem tanto de comovente como de revoltante, não

"Filho da mãe", Hugo Gonçalves

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  Banksy dissera "They say you die twice. One time when you stop breathing and a second time, a bit later on, when somebody says your name for the last time". Posto isto, "Filho da mãe" pode ser encarada como uma das imortalizações mais dignas da História. Após cenários distópicos que criam sociedades nefastas, esta obra provou-se completamente diferente das outras publicadas pelo autor. Neste livro existe uma atmosfera aconchegante, embora inquietante, onde reina o amor maternal, constantemente cortado pela recordação da perda de Hugo Gonçalves: a sua mãe. A narrativa, onde o homem de quarenta mostra a sua essência de menino, onde o colecionador de romances arrebatadores é também o órfão que esperava ansiosamente pelo retorno daquela que lhe deu vida e que procura a sua mãe em todos os quartos da casa, cabe ao leitor o peso de saber que Rosa Maria viverá apenas através de memórias. Desde a infância marcada pelo segredo de ser órfão, o luto é uma constante viagem qu